Uma saga de várias gerações.
Encravada entre serras, nas Minas Gerais, encontra-se, a cerca
de cem quilômetros de Belo Horizonte, uma comunidade denominada
“Noivas do Cordeiro”, habitada em sua maioria por mulheres –
mais de duas centenas.
Vivenciando uma espécie particular de socialismo – onde nada é
de ninguém e tudo é de todos -, as habitantes distribuem-se nas
tarefas necessárias para a sobrevivência do grupo, desde o
plantio e colheita dos gêneros alimentícios até à organização
estrutural da comunidade em suas diversas necessidades.
Mas não se trata de nenhuma seita de mulheres celibatárias:
muitas são casadas, têm filhos, porém os maridos passam a semana
trabalhando em outras localidades, principalmente em Belo
Horizonte, face à carência do mercado de trabalho na região.
Estruturalmente, a comunidade constitui-se de pequenas moradias
ao redor de um casarão centenário de treze quartos – construído
nos moldes dos antigos solares de fazendas do interior mineiro
-, núcleo inicial que funcionou por décadas como residência
coletiva e hoje abriga um centro cultural.
A história da comunidade é antológica: uma instigante saga
permeada por equívocos, preconceitos, dor, sofrimento – mas
também alegrias -, que teve início no final do século 19.
Centrado no casarão desenrolou-se, ao longo do tempo, o drama
vivido por gerações e gerações de mulheres que necessitaram de
garra e determinação para enfrentar desafios inimagináveis.
Tudo começou com uma história de amor proibido.
No final do século 19, uma jovem, Maria Senhorinha de Lima, como
costume da época, teve um casamento arranjado e foi obrigada a
se unir a um homem a quem não amava.
Poucos meses depois rompeu com a situação, deixou o marido e
juntou-se ao homem a quem amava. Ambos foram viver em uma região
isolada, entre as serras, no casarão que ainda hoje serve de
núcleo à comunidade.
Continue a ler...